terça-feira, 30 de abril de 2013

Regra de Silêncio (2013)

Robert Redford, uma figura nuclear do cinema contemporâneo
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T.O.: The Company You Keep. Real.: Robert Redford. Int.: Robert Redford, Susan Sarandon, Shia La Beouf. Origem: EUA, 2012.

Sinopse: A vida de Jim Grant, advogado civil e pai solteiro, nos tranquilos subúrbios de Albany, em Nova Iorque, sofre uma reviravolta radical quando se torna alvo de investigação de um jovem e ambicioso jornalista que descobre um segredo do passado. 

O mais recente filme de Robert Redford pertence-lhe sob forma da realização e da interpretação, mas é sobretudo na base da herança que o seu domínio oferece maior relevo. Neste seu Regra de Silêncio, Redford recorda que permanece uma prova viva de um cinema singular, que sabe beber as influências da produção artística dos anos 70, década de uma enorme revolução estética e narrativa na Sétima Arte, e que mantém hoje uma linguagem actual e, sobretudo, vital: aqui o cinema faz-se de actores e de conflitos, sem falsos artifícios. Ao revisitar as memórias do activismo contra a guerra do Vietname, altura onde a paranóia política e o sistema militar eram alvo de crítica popular, o actor/realizador leva-nos ao mundo de filmes nucleares como Os Três Dias do Condor e Os Homens do Presidente - onde foi protagonista, em ambos os casos - e capta na perfeição a dura tarefa de uma América à procura de sarar as suas feridas, sem soluções à vista. Na fissura de cada uma delas, encontram-se dois lados: uma geração mais velha (além de Redford temos Julie Christie e Susan Sarandon) e, do outro lado, uma mais jovem (LaBeouf e Brit Marling). A ambas junta-se uma futura, representada na menina de Redford, com quem encerra o filme num soberbo e silencioso plano final.

Em suma, é um filme a não perder de vista, que não só nos recorda a importância de uma tradição artística (e nos demonstra que está longe de se encontrar esgotada a nível dramático) na mesma medida que é construído com cabeça, tronco e membros, com actores de primeira água, um argumento forte e uma realização segura da sua capacidade e mestria de encenação temporal e emocional.